quarta-feira, 6 de maio de 2009

Inacabado

Não perca de vista que toda vez que você tiver a oportunidade de tocar a sua fragilidade, você só tem o direito de tocar nessa fragilidade se for com o desejo de superá-la. Isso é ser feito aos poucos. É a gente descobrir que nós temos algumas fragilidades dentro de nós e que se a gente alimenta, elas correm o risco de se tornar o que há de maior em nós. E nós não temos o direito de nos reduzir a um erro, a um limite que temos. Eu não sou o limite que eu tenho, eu sou muito mais que os limites que eu tenho. Os limites fazem parte de mim, mas eu não sou os limites que eu tenho. Da mesma forma que eu não posso me reduzir ao meu passado, eu não sou um Homem do passado, eu sou um Homem do presente, marcado por experiências passadas, mas pronto para recolher o novo da vida, agora, neste momento. 

Somos homens e mulheres em processo de feitura, estamos sendo feitos aos poucos, e é maravilhoso a gente pensar isso, sabe por quê? Quando a gente compra uma casa que está pronta, você corre o risco de não gostar de um monte de coisa nela, não é verdade? Ou então, você pode acertar e comprar a casa dos seus sonhos, mas que não foi feita por você. A gente sempre vai olhar para aquela casa, que é a nossa, mas a gente sempre vai imaginar um detalhe que poderia ter sido diferente porque a casa não foi construída por nós. Olha que maravilha a gente poder pensar que a nossa vida é uma casa que é construída por nós e olha que até mesmo os outros que participam da nossa construção, eles só participam porque a gente deixa, um amigo trouxe um tijolinho ou trouxe um quadro no momento da decoração, seu amigo vem e traz um quadro para fazer parte da sua casa. 

Essa parede não é de pedra, esse quadro não é de concreto. Nós estamos falando de coisas da alma. Estamos falando dessa possibilidade que nós temos de ser uma casa espiritual, aquela que a gente não pode ver com os olhos, mas que nós podemos percebê-la com os olhos. Não vejo, mas percebo. A sua casa, mesmo que ela cause susto em muita gente, ela pode ser diferente porque essa construção está nas suas mãos, você está sendo feito. Deus está nos dando os instrumentais todos os dias para que a gente possa se refazer, para que a gente possa se reconstruir. 

Hoje, na casa da sua vida, Deus nos dá a oportunidade de derrubar paredes, de jogar pelo chão aquilo que não nos agrada e começar tudo de novo, para que seja uma casa bonita, não só aos nossos olhos, mas também agradável aos olhos daqueles que passam por nós. Como que a gente faz isso? Construindo aos poucos? É bom que seja assim. Uma construção que é feita aos poucos, a gente tem condições de enxergar diferente porque você vai e observa os detalhes. Na correria é complicado, na correria a gente corre o risco de erguer uma parede no lugar errado porque você não teve tempo de pensar o lugar certo para aquela parede. 

Às vezes na pressa de feitura, a gente constrói paredes no lugar errado, às vezes nós construímos muros onde não podemos e nos separamos de nós mesmos e até mesmo nos separamos de quem a gente ama. Pode ser que hoje você vá descobrir que há um muro nessa sua casa separando você daqueles que você ama. Qual é esse muro? Você pode descobrir, e sabe o que você faz com esse muro? Joga ele no chão porque a casa é sua, quem manda é você. Quem disse que você tem que morrer com este muro te incomodando? Quem disse que você tem que morrer com todas essas realidades humanas atrapalhando você a ver o outro lado. 

Há muros espirituais que nós corremos o risco de colocar ou então quadros desagradáveis... uma sala linda e de repente você percebe que naquela sala tem um quadro que não combina em nada com as cores da sala que você escolheu. O que tem que fazer? Ter coragem de tirar o quadro e jogar fora, dizer ‘olha, eu agradeço muito, mas esse quadro não está me ajudando’. Às vezes, existem pessoas que entram na nossa vida e começam a colocar detalhes em nós que não combinam com a gente e a gente, por falta de coragem, vai permitindo que aquilo vá ficando e daqui a pouco você se sente sufocado.

É o que meu amigo hoje reclamava para mim. Aquilo que ele havia feito de errado era como se fosse uma moldura que ele tinha permitido ser colocada na sala dele e que agora ele não conseguia ficar sentado na sala que ele tanto ama porque tinha um quadro atrapalhando ele, tinha um quadro retirando a paz, um quadro que não tinha anda a ver com a mobília da sala dele. Defeito é isso, é aquilo que nós insistimos em ficar, em permanecer e que de repente a gente está retirando a paz da nossa casa, da nossa casa interior, está retirando a graça da nossa vida porque nós estamos colocando detalhes que não fazem bem. Naquele momento você me ajudou a expulsar aquele quadro da minha sala e depois que eu tirei aquele quadro, veio uma paz muito grande. E às vezes, sabe o que é retirar o quadro? É pedir perdão a alguém. Retire o quadro do rancor, eu não quero que o rancor continue em mim. Eu não quero que esse rancor continue sendo determinante na minha vida. 

Hoje, na casa da sua vida, na sala da sua vida, há muitos detalhes que são seus, quem sabe hoje...a gente possa esbarrar em algum detalhe que possa lhe ajudar a colocar em ordem esse lugar que você tanto ama.” 

“Tu és bem mais que os seus erros do passado.”

Essa mensagem foi-me enviada por uma grande amiga.

Nenhum comentário:

Postar um comentário