sexta-feira, 31 de julho de 2009



segunda-feira, 20 de julho de 2009

LIÇÃO 6: CONHECENDO O ESPÍRITO SANTO

I. INTRODUÇÃO:

A nossa salvação é obra de Deus, e não de homens. Por isto podemos ter segurança da vida eterna. Jesus Cristo, verdadeiramente homem e Deus, realizou uma obra completa para nossa salvação. Como profeta, Ele nos deu uma revelação completa sobre Deus e sobre sua vontade para nossas vidas (Jo 1.18). Como sacerdote, ofereceu-se a si mesmo como sacrifício por nós, e o seu sangue “nos purifica de todo o pecado” (Jo 1.7). Ele está à direita de Deus intercedendo por nós (Rm 8.33-34). Como Rei, Jesus nos chamou, através da Palavra e no Espírito Santo, nos reuniu em seu corpo, que é a igreja, nos dirige, nos protege e nos aperfeiçoa. Por isso, quando estava morrendo na cruz Ele pôde dizer: “Está consumado!” (Jo 19.30). Estava completa a obra que Jesus veio fazer por nós, agora só restava a obra a ser feita em nós.

A obra de Jesus por nós é completa, mas ela não alcança o seu objetivo sem a obra do Espírito Santo em nós. Por isso Jesus disse aos discípulos: “Convém que eu vá, porque se eu não for o Consolador não virá para vós; se porém eu for vo-lo enviarei” (Jo 16.7). É o Espírito Santo quem aplica em nós a obra redentora de Cristo. Ele atua nos corações dos pecadores e os leva a receber a Cristo como Salvador, atua também nas vidas daqueles que foram salvos, levando-os a crescer na graça e no conhecimento.

Considerando o que a Bíblia expõe quanto a natureza do Espírito Santo, podemos nos certificar que ele não é apenas uma influência, força ou energia cósmica, conforme algumas religiões, erroneamente, ensinam. Antes, ele é um ser vivo, o Espírito é um com o Pai e com o Filho, é a Terceira Pessoa da Trindade, ele é uma pessoa claramente divina que possui as mesmas qualidade inerentes ao Pai e ao Filho. Ele atua sobre os homens através de sua influência, personalidade e presença. É o Espírito que convence o homem do seu estado pecaminoso e da condenação eterna, levando-o ao arrependimento.

II. O ESPÍRITO SANTO NO AT

A atuação do Espírito Santo não se limita ao período do NT. Ele está presente e atuante na história da humanidade desde a criação: “No princípio criou Deus o céu e a terra (...) e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas” (Gn 1.1-2). O Espírito Santo estava sobre Moisés e Josué, quando eles guiavam o povo de Israel para a terra prometida. Foi ele quem deu habilidade a Bezalel para fazer as obras de arte para o tabernáculo (Ex 35.31). Foi ele que capacitou os 70 anciãos para ajudarem Moisés (Nm 11.16-25). Foi ele quem revestiu os juizes de poder e autoridade para libertar e julgar o povo de Israel (Jz 3.10; 6.34; 11.29; 13.25; 14.6-9; 15.14). Quando Saul e Davi foram ungidos reis, o Espírito Santo veio sobre eles para qualificá-los para essa importante missão (I Sm 10.6-10; 16.13-14).

O Espírito Santo falou através dos profetas (Ne 9.30). Inspirou os escritores da Bíblia (II Tm 3.16; II Pe 1.21). Mas foi no dia de Pentecostes que o Espírito Santo veio para ficar para sempre com o povo de Deus. É importante notar a linguagem empregada no AT e NT. No AT se diz que o Espírito Santo vinha sobre indivíduos, no NT, mais especificamente a partir do dia de Pentecostes, o Espírito Santo habita nas pessoas. No AT o Espírito Santo vinha sobre seres humanos e capacitava-os para determinadas tarefas, já no NT, o Espírito Santo habita (mora) aquele que se converte e estimula-o a realizar de coração a vontade de Deus.

III. O ESPÍRITO SANTO NO MINISTÉRIO DE JESUS

O Espírito Santo agiu e sempre agirá em função do pacto da redenção. Ele preparou o caminho para a vinda do Salvador, esteve com Ele em sua vida, morte e ressurreição. Ele está conosco como o selo e “penhor da nossa salvação” (Ef 1.14). Jesus declarou: “O Filho nada pode fazer de si mesmo” (Jo 5. 19). Quando disse isso Ele se referia ao seu relacionamento com o Pai, mas, essas mesmas palavras laçam luz sobre a dependência que o Filho tem do Espírito Santo.

Jesus foi gerado no ventre de Maria pelo Espírito Santo. Quando o anjo disse a ela: “Eis que conceberás e darás a luz um filho a quem chamarás pelo nome de Jesus” (Lc 1.31). Ela respondeu: “Como será isso, pois não tenho relação com homem algum?” Respondeu-lhe o anjo: “Descerá sobre ti o Espírito Santo e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus” (Lc 1.34-35). Jesus, como segunda pessoa da Trindade, sempre existiu; mas como homem, Ele passou a existir a partir do momento que foi gerado pelo Espírito Santo.

João Batista veio como precursor de Jesus, para preparar-lhe o caminho. Ele foi preparado para isso, sendo cheio do Espírito Santo desde o ventre materno (Lc 1. 15).

Toda a vida terrena de Jesus foi vivida sob a ação do Espírito Santo. Quando Ele foi batizado por João Batista, o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma física de uma pomba (Mt 3.13-17). “A seguir Jesus foi levado pelo Espírito, ao deserto, para ser tentado pelo diabo” (Mt 4.1). E, com a assistência do Espírito Santo, Ele venceu o Tentador. Quando expulsava demônios, Jesus o fazia pelo poder do Espírito (Mt 12.28). Seus milagres eram feitos pela unção do Espírito (Lc 4.18, At 10.38). Jesus se ofereceu como sacrifício por nós, sob a assistência do Espírito Santo (Hb 9.14). E por fim, o Pai, por intermédio do Espírito Santo “ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos” (Rm 8.11).

IV. A DESCIDA DO ESPÍRITO SANTO NO PENTECOSTES

No dia de Pentecostes o Espírito Santo veio para ficar para sempre com os servos de Jesus conforme Ele havia prometido (Jo 14.16). O livro de Atos dos Apóstolos registra que “ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; de repente veio do céu um som como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa... e apareceram distribuídas entre eles, línguas como de fogo, e pousou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo, e passaram a falar em outras línguas segundo o Espírito lhe concedia que falassem” (At 2.1-4).

Como era um dia especial para os judeus, Jerusalém estava cheia de pessoas de diferentes paises. Alguns eram judeus nascidos fora da Palestina, outros eram prosélitos do judaísmo. Uma enorme multidão dirigiu-se para o local onde os apóstolos estavam, o mais extraordinário é que os apóstolos receberam o dom de falar línguas que não conheciam, e assim cada pessoa ouvia a pregação do Evangelho em sua própria língua materna. “Estavam, pois, atônitos, e se admiravam dizendo: Vede! Não são porventura galileus todos esses que aí estão falando? E como os ouvimos falar, isso cada um em nossa própria língua materna... as grandezas de Deus?” (At 2.7-12).

As “línguas como que de fogo” que pousaram sobre cada um deles foi o meio que Deus usou para dissipar a desconfiança que podia existir no grupo. Judas Iscariotes tinha traído o mestre; Pedro o negara; e Tomé, a princípio descreu de sua ressurreição. Por isso, podia haver um clima de desconfiança dentro do grupo. Sem um sinal visível de que cada um recebera o Espírito Santo, um poderia questionar se o outro também o tinha recebido. Com aquela manifestação visível ficou claro que todos receberam o Espírito. E as línguas que passaram a falar eram símbolos da universalização do Evangelho. Em Babel Deus havia confundido a linguagem do povo. Por causa da rebeldia contra o Criador, cada um passou a falar uma língua que o outro não entendia; e assim foram dispersos pela terra (Gn 11.1-9). Mas agora estava sendo inaugurada uma nova era de salvação, e todos podiam ouvir as grandezas de Deus em sua própria língua.

O ministério do Espírito Santo foi ampliado por ocasião do Pentecostes, sem ser de forma alguma diminuído em termos do que era anteriormente. Antes do Pentecoste, como vimos, o Espírito Santo sustentava a criação e a vida natural, renovava corações, dava entendimento espiritual e dons para serviço tanto de liderança quanto de outra sorte, e ele ainda faz tudo isso.

A diferença desde o Pentecoste é que todo o seu ministério para com os salvos relaciona-se não ao Cristo que haveria de vir, como acontecia no AT, nem se relaciona mais com o Cristo presente na Terra, mas relaciona-se agora com o Cristo que veio, morreu e ressuscitou e agora reina em glória.

Nomes do Espírito Santo

Aprendemos que o Espírito Santo é uma pessoa e não uma influência, energia ou força, pois possui personalidade. Ele é divino, e lhe são atribuídas as mesmas qualidade inerentes ao Pai e ao Filho, e de acordo com as diversas funções que desempenha. As Sagradas Escrituras registram vários nomes pelos quais o Espírito Santo é conhecido ou representado:

· O Espírito de Deus. Significa que ele é executivo da divindade. Em Lc 11.20, Jesus afirma que expulsara os demônios pelo “dedo de Deus”.

· O Espírito de Cristo. Indica que o Espírito Santo é enviado por Cristo, para o glorificar e habitar no salvo (Rm 8.9).

· O Consolador. Perto de se findar o seu ministério terreno, Jesus sabia que brevemente teria que deixar seus discípulos, contudo Ele não os deixaria só, pois Jesus enviaria “outro Consolador” a fim de ficar para sempre com seus discípulos (Jo 14.16-18, 26).

· O Espírito da Verdade. O espírito do engano e do erro operam no mundo, por isso, o Senhor enviou o Espírito da Verdade para preservar seus servos das ciladas do Enganador (Jo 14.17).

· O Espírito da Graça. A graça é concedida aos crentes a fim de viverem em santidade e vencerem suas fraquezas (II Co 12.9).

· O Espírito de Vida. O poder do pecado e da morte não tem efeito sobre aqueles que recebem o Espírito de Vida (Rm 8.11).

Símbolos do Espírito Santo

O Espírito Santo também é representado através de alguns símbolos, esses símbolos indicam sua atuação em prol dos servos de Deus, consideremos os principais:

· Fogo. Este símbolo fala da ação purificadora do Espírito Santo na vida do cristão. Ao mesmo tempo que incinera a força do pecado dentro de nós, assinala a presença de Deus na vida do crente ao ilumina-lo e aquecê-lo.

· Vento. No encontro com Nicodemos (Jo 3.8), Jesus referiu-se à ação do vento para ilustrar a operação do Espírito Santo. É ele quem convence a pessoa da necessidade de arrepender-se de seus pecados e receber, pela fé, a salvação conquistada na Cruz, assim o vento simboliza a obra regeneradora do Espírito Santo.

· Tal como o vento, cuja presença é sentida, sem a necessidade do toque, assim é o Espírito de Deus. Percebemos a sua real operação na vida do crente e na Igreja, embora não consigamos vê-lo tal como é. Seus atos independem da vontade humana, pois ele é Deus, é soberano.

· Água. Jesus afirmou a Nicodemos que “aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus” (Jo 3.5). Nesse versículo, a água simboliza a Palavra de Deus, que concede vida aos que estão mortos em seus pecados. Todavia, em Jo 7.37, o Senhor Jesus identifica-se como a verdadeira fonte da água viva, isto é, da salvação consumada por Ele e conferida aos que o aceitam, por intermédio do Espírito. Jesus afirmou: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva”. E as Escrituras ainda nos explicam: “Isto ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito até aquele momento não fora dado, porque Jesus não havia sido ainda glorificado” (Jo 7.37-39).

· Selo. Qualquer objeto que esteja selado, este selo o identifica como sendo propriedade de alguém. O selo é a garantia de que o objeto não será confundido, nem violado, pois o selo é uma marca pessoal de seu proprietário. Dessa mesma forma, o cristão é uma propriedade do Senhor. O selo do Espírito Santo, no ato da conversão, confere a garantia da vida eterna ao novo membro da família de Deus. O Espírito Santo é o penhor da nossa salvação (Ef 1.13-14). Sendo assim, a Bíblia ensina que todo crente é selado como o Espírito Santo.

· Azeite. Este é, sem dúvida, o mais conhecido dos símbolos atribuídos à Terceira Pessoa da Trindade. No AT, o azeite era usado era usado na alimentação (1Rs 17.12) e para pôr em ferimentos (Lc 10.34), para passar no corpo como cosmético (Sl 104.15), para iluminação (Mt 25.4), para a unção de doentes (Tg 5.14) e de hóspedes (Lc 7.46). Pela unção pessoas eram consagradas, separadas para serviço especial, como os reis, sacerdotes e profetas (ISm 10.1; IRs 19.15-16; Êx 28.41). Ser ungido com azeite significava estar revestido da autoridade de Deus.

· Pomba. Esta ave simboliza brandura, inocência, doçura, pureza, amabilidade e paz. Por ocasião do batismo de Jesus, no rio Jordão, João Batista viu o Espírito Santo descer do céu, em forma corpórea de uma pomba e pousar sobre Jesus para indicar que Ele era o messias. Porém isso não significa que o Espírito Santo tenha essa aparência, pois é espírito e como tal não possui corpo que se possa definir.

A Obra do Espírito Santo

1º. No pecador, o Espírito Santo regenera a natureza pecaminosa do homem, o convence de seus pecados, leva-o ao arrependimento, à confissão e ao abandono dos mesmos, através da fé em Jesus. Deste modo, regenerado pelo Espírito Santo, o pecador experimenta o novo nascimento, e torna-se uma nova criatura (II Co 5.17).

2º. No crente, a obra do Espírito Santo é consolar (Jo 14.16-17); conduzir, guiar em toda a verdade (Jo 16.13); ensinar todas as coisas e lembrar o que o Senhor já ensinou (Jo 14.26); conceder poder para testemunhar de Cristo (At 1.8); interceder (Rm 8.26); santificar, essa talvez seja a principal tarefa do Espírito nos crentes, pois é através da santificação que nos aproximamos cada vez mais de Deus (Hb 12.14). A santificação é um processo, é uma operação dinâmica e progressiva que começa na conversão e aperfeiçoa-se gradativamente durante toda a vida (II Co 7.1).

3º. A sobrevivência da Igreja só é possível graças a ação do Espírito Santo. É ele quem separa pessoas para exercerem ministérios de liderança, como pastores, evangelistas e missionários, capacitando-os, instruindo-os e direcionando-os. É o Espírito Santo quem deve administrar e direcionar a Igreja. Sem a unção do Espírito, nenhum pregador, por mais eloqüente que seja, logrará êxito em sua pregação, pois sua mensagem será vazia, insípida e sem poder. Só há salvação de almas, quando o Espírito unge a mensagem e o pregador, como aconteceu com Pedro (At 2.14 - 41) após o Pentecoste.

LIÇÃO 5: CONHECENDO JESUS

I. INTRODUÇÃO:

Ele era conhecido em sua época como Jesus de Nazaré. Trabalhou como carpinteiro a maior parte de sua vida adulta. Entretanto, Ele foi tão extraordinário pela forma como viveu e pela influência que exerceu sobre a humanidade que a palavra extraordinário não consegue caracterizá-lo.

Ninguém mais — nem reis, ditadores, cientistas, educadores ou líderes militares — deu uma contribuição maior que a de Jesus à história do mundo. Pelo menos doze bilhões de pessoas passaram por este planeta, mas até hoje, dois mil anos depois de sua morte, ninguém chegou sequer perto de ocupar a posição singular que Ele ocupa na história.

Jesus Cristo é a figura central da história do mundo, seu nascimento dividiu a história em antes de depois d’Ele. Não existe cristianismo sem Cristo; o cristianismo não é uma religião, e sim, um modo de vida cuja proposta básica é “Cristo em vós, esperança da glória” (Cl 1.27). A maior diferença na vida de um cristão de verdade é que para ele Jesus é uma realidade, é uma maneira de viver.

Não existe comparação entre Jesus e os fundadores de outras religiões, porque todos eles morreram propondo ao homem um caminho para encontrarem a verdade ou para se tornarem divindades, mas só Jesus é o caminho, a verdade e a vida (Jo 14.6).

Podemos resumir da seguinte maneira o ensino bíblico sobre Jesus Cristo: Ele foi plenamente Deus e plenamente homem em uma só pessoa e assim o será para sempre.

II. A HUMANIDADE DE CRISTO:

Quando falamos da humanidade de Cristo, é necessário começar do início, do seu nascimento. As Escrituras afirmam claramente que Jesus foi concebido no ventre de sua mãe, Maria, por obra miraculosa do Espírito Santo, sem um pai humano: “Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: estando Maria, sua mãe, desposada com José, sem que tivessem antes coabitado, achou-se grávida pelo Espírito Santo. Mas José, seu esposo, sendo justo e não a querendo infamar, resolveu deixá-la secretamente. Enquanto ponderava nestas coisas, eis que lhe apareceu, em sonho, um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles. Ora, tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que fora dito pelo Senhor por intermédio do profeta: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus conosco). Despertado José do sono, fez como lhe ordenara o anjo do Senhor e recebeu sua mulher. Contudo, não a conheceu, enquanto ela não deu à luz um filho, a quem pôs o nome de Jesus” (Mt 1. 18-25). O mesmo é afirmado no evangelho de Lucas, onde lemos sobre a aparição do anjo Gabriel a Maria (Lc 1.26-38). O nascimento virginal de Jesus possibilitou a união da plena divindade e da plena humanidade em uma só pessoa. Esse foi o meio empregado por Deus para enviar seu Filho ao mundo como homem.

Como estudamos anteriormente, o ser humano herdou de Adão o pecado. Mas o fato de Jesus não ter tido um pai biológico significa que a linha de descendência de Adão é parcialmente interrompida, sendo assim, Jesus não herdou a natureza pecaminosa, esse foi o modo de Deus para fazer com que Jesus fosse completamente humano e, no entanto, não adquirisse o pecado herdado de Adão.

A completa ausência de pecado na vida de Jesus é ainda mais notável pelas tentações que enfrentou, não só no deserto, mas durante toda a vida. O autor de Hebreus afirma que “ele foi tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado” (Hb 4.15). O fato de ter enfrentado tentações significa que Jesus possuía natureza genuinamente humana que podia ser tentada, pois a Bíblia nos ensina claramente que “Deus não pode ser tentado” (Tg1.13), portanto, foi a parte humana de Jesus que foi tentada.

O fato de que Jesus possuía um corpo exatamente como o nosso é visto em muitas passagens da Bíblia (Lc 2.7; 2.40, 2.52). Jesus ficava cansado como nós (Jo 4.6), tinha sede (Jo 19.28), fome (Mt 4.2); quando Jesus estava caminhando para a crucificação, os soldados forçaram Simão Cireneu a carregar a cruz (Lc 23.26) porque Jesus estava tão fraco depois dos açoites que não tinha forças suficiente para carregá-la sozinho.

Jesus ressuscitou em um corpo físico, ainda que aperfeiçoado e não sujeito à fraqueza, enfermidades ou morte. Ele demonstrou várias vezes aos discípulos que possui, de fato, um corpo real (Lc 24.39; 24.42; Jo 20.17, 21.9, 13). Nesse mesmo corpo humano (ressurreto, perfeito, glorificado) Jesus ascendeu ao céu (Jo 16.28, Lc 24.50-51; At 1.9). A maneira pela qual Jesus ascendeu ao céu foi planejada por Deus para demonstrar a continuidade de sua existência.

Quando examinamos o NT, vemos vários motivos pelos quais Jesus tinha que ser plenamente humano para ser o Messias e obter a nossa salvação, falaremos brevemente sobre alguns deles:

a. Para possibilitar uma obediência representativa – Jesus era nosso representante e obedeceu em nosso lugar naquilo que Adão falhou (Rm 5.12-21);

b. Para ser um sacrifício substitutivo – Se Jesus não tivesse sido homem, não poderia ter morrido em nosso lugar e pago e penalidade que nos cabia (Hb 2.16-17);

c. Para ser o único mediador entre Deus e os homens – Nós estávamos alienados, separados de Deus por causa do pecado, necessitávamos de alguém que se colocasse entre Deus e nós e nos levasse de volta a Ele. Precisávamos de um mediador que pudesse nos representar diante de Deus e que pudesse representar Deus para nós (I Tm 2.5);

d. Para se compadecer como sumo sacerdote – Se Jesus não tivesse existido na condição de homem, não seria capaz de conhecer por experiência própria o que sofremos em nossas tentações e lutas, mas porque Ele viveu como homem, é capaz de se compadecer de nós em nossas lutas, dificuldades e limitações (Hb 2.18; 4.15-16).

III. A DIVINDADE DE CRISTO:

Para completar o ensino bíblico acerca de Jesus, é necessário entendermos que além de ser plenamente humano Ele também era plenamente divino. Embora a palavra não ocorra de maneira explícita na Bíblia, a igreja tem empregado o termo encarnação para referir-se ao fato de que Jesus era Deus em um corpo humano. A encarnação foi o ato pelo qual Deus Filho assumiu a natureza humana: “porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade” (Cl 2.9). É a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste. Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia, porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude” (Cl 1.15-19).

O Senhor Jesus não veio ao mundo por acaso. Houve um planejamento da parte de Deus. Do ventre materno à sua ascensão, alguns de seus passos, palavras e atos foram preditos com antecedência de séculos, assim, o plano de Deus na formação das Escrituras e na redenção do homem não poderia estar completo sem a presença de seu Filho. Sabemos que o NT não existiria se Jesus não tivesse vindo; ele é formado por sua vida, suas palavras e obras, tanto as que foram realizadas durante sua vida terrena, como as realizadas pelos apóstolos e discípulos sob a autoridade de seu nome (At 3.16). Dessa forma, os dois testamentos se completam em Cristo.

As principais profecias acerca de Cristo que tiveram seu cumprimento nos tempos do NT são:

· Filiação divina (Sl 2,7; At 13.33; Hb 1.5).

· Concepção no ventre de uma virgem (Is 7.14; Mt 1.22-23).

· Nascimento natural (Gn 3.15; Gl 4.4).

· Descendência de Abraão (Gn 22.18; Mt 1.1).

· Procedência da tribo de Judá (Gn 49.10; Hb 7.14).

· Descendência de Davi (II Sm 7.12; Mt 1.1).

· Nascimento em Belém (Mq 5.2; Mt 2.4-6)

· Nome Emanuel (Is 7.14; Mt 1.13).

· Fuga sucedida pela morte de inocentes (Jr 31.15; Mt 2.17-18).

· O precursor (Is 40.3; Mt 3.3).

· Ensino por meio de parábolas (Sl 78.2; Mt 13.35).

· Entrada triunfal em Jerusalém (Zc 9.9; Mt 21.4-5).

· Sacrifício expiatório (Is 53.4; Mt 8.17).

· Vendido por 30 moedas (Zc 11.12-13; Mt 26.15).

· Pés e mãos traspassados (Sl 22.16; Jo 19.37).

· Lado perfurado (Zc 12.10; Jo 19. 34, 36-37).

· Ressurreição (Jó 19.25, Is 55.3; Lc 24.46).

· Recebido no céu pelo Pai (Sl 24.7; At 1.11).

Cristo é uma das pessoas da Trindade - assunto esse que abordaremos nas próximas lições - sendo igual a Deus em seus atributos, pôde administrar sem nenhum empecilho as naturezas divinas e humanas ao mesmo tempo. As expressões ditas por Ele que mostram certas limitações estão ligadas à sua humanidade. Mas, quando preciso, Ele fez valer os seus atributos divinos, como a onipotência (Jo 1.1-3) e onisciência (Jo 1.43-50). Além destes existem outros atributos em Cristo:

· Unicidade (Jo 3.16; At 4.12);

· Verdade (Jo 14.6);

· Infinidade (Mq 5.2; Hb 1.12);

· Imensidade (At 10. 36);

· Eternidade (Is 9.6);

· Inteligência (Lc 2.47);

· Sabedoria (Mt 23.34; Lc 11.49);

· Amor (Ef 3.19);

· Justiça (Jr 23.6);

· Santidade (Lc 1.35);

· Mansidão (Mt 11.29);

· Humildade (Mt 11.29);

· Obediência (Fp 2.8);

IV. CONCLUSÃO:

Para concluir, fazemos nossas as palavras do apóstolo Paulo: “Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados. Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste. Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia, porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus. E a vós outros também que, outrora, éreis estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas obras malignas, agora, porém, vos reconciliou no corpo da sua carne, mediante a sua morte, para apresentar-vos perante ele santos, inculpáveis e irrepreensíveis, se é que permaneceis na fé, alicerçados e firmes, não vos deixando afastar da esperança do evangelho que ouvistes ...” (Cl 1.14-23).