segunda-feira, 20 de julho de 2009

LIÇÃO 6: CONHECENDO O ESPÍRITO SANTO

I. INTRODUÇÃO:

A nossa salvação é obra de Deus, e não de homens. Por isto podemos ter segurança da vida eterna. Jesus Cristo, verdadeiramente homem e Deus, realizou uma obra completa para nossa salvação. Como profeta, Ele nos deu uma revelação completa sobre Deus e sobre sua vontade para nossas vidas (Jo 1.18). Como sacerdote, ofereceu-se a si mesmo como sacrifício por nós, e o seu sangue “nos purifica de todo o pecado” (Jo 1.7). Ele está à direita de Deus intercedendo por nós (Rm 8.33-34). Como Rei, Jesus nos chamou, através da Palavra e no Espírito Santo, nos reuniu em seu corpo, que é a igreja, nos dirige, nos protege e nos aperfeiçoa. Por isso, quando estava morrendo na cruz Ele pôde dizer: “Está consumado!” (Jo 19.30). Estava completa a obra que Jesus veio fazer por nós, agora só restava a obra a ser feita em nós.

A obra de Jesus por nós é completa, mas ela não alcança o seu objetivo sem a obra do Espírito Santo em nós. Por isso Jesus disse aos discípulos: “Convém que eu vá, porque se eu não for o Consolador não virá para vós; se porém eu for vo-lo enviarei” (Jo 16.7). É o Espírito Santo quem aplica em nós a obra redentora de Cristo. Ele atua nos corações dos pecadores e os leva a receber a Cristo como Salvador, atua também nas vidas daqueles que foram salvos, levando-os a crescer na graça e no conhecimento.

Considerando o que a Bíblia expõe quanto a natureza do Espírito Santo, podemos nos certificar que ele não é apenas uma influência, força ou energia cósmica, conforme algumas religiões, erroneamente, ensinam. Antes, ele é um ser vivo, o Espírito é um com o Pai e com o Filho, é a Terceira Pessoa da Trindade, ele é uma pessoa claramente divina que possui as mesmas qualidade inerentes ao Pai e ao Filho. Ele atua sobre os homens através de sua influência, personalidade e presença. É o Espírito que convence o homem do seu estado pecaminoso e da condenação eterna, levando-o ao arrependimento.

II. O ESPÍRITO SANTO NO AT

A atuação do Espírito Santo não se limita ao período do NT. Ele está presente e atuante na história da humanidade desde a criação: “No princípio criou Deus o céu e a terra (...) e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas” (Gn 1.1-2). O Espírito Santo estava sobre Moisés e Josué, quando eles guiavam o povo de Israel para a terra prometida. Foi ele quem deu habilidade a Bezalel para fazer as obras de arte para o tabernáculo (Ex 35.31). Foi ele que capacitou os 70 anciãos para ajudarem Moisés (Nm 11.16-25). Foi ele quem revestiu os juizes de poder e autoridade para libertar e julgar o povo de Israel (Jz 3.10; 6.34; 11.29; 13.25; 14.6-9; 15.14). Quando Saul e Davi foram ungidos reis, o Espírito Santo veio sobre eles para qualificá-los para essa importante missão (I Sm 10.6-10; 16.13-14).

O Espírito Santo falou através dos profetas (Ne 9.30). Inspirou os escritores da Bíblia (II Tm 3.16; II Pe 1.21). Mas foi no dia de Pentecostes que o Espírito Santo veio para ficar para sempre com o povo de Deus. É importante notar a linguagem empregada no AT e NT. No AT se diz que o Espírito Santo vinha sobre indivíduos, no NT, mais especificamente a partir do dia de Pentecostes, o Espírito Santo habita nas pessoas. No AT o Espírito Santo vinha sobre seres humanos e capacitava-os para determinadas tarefas, já no NT, o Espírito Santo habita (mora) aquele que se converte e estimula-o a realizar de coração a vontade de Deus.

III. O ESPÍRITO SANTO NO MINISTÉRIO DE JESUS

O Espírito Santo agiu e sempre agirá em função do pacto da redenção. Ele preparou o caminho para a vinda do Salvador, esteve com Ele em sua vida, morte e ressurreição. Ele está conosco como o selo e “penhor da nossa salvação” (Ef 1.14). Jesus declarou: “O Filho nada pode fazer de si mesmo” (Jo 5. 19). Quando disse isso Ele se referia ao seu relacionamento com o Pai, mas, essas mesmas palavras laçam luz sobre a dependência que o Filho tem do Espírito Santo.

Jesus foi gerado no ventre de Maria pelo Espírito Santo. Quando o anjo disse a ela: “Eis que conceberás e darás a luz um filho a quem chamarás pelo nome de Jesus” (Lc 1.31). Ela respondeu: “Como será isso, pois não tenho relação com homem algum?” Respondeu-lhe o anjo: “Descerá sobre ti o Espírito Santo e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus” (Lc 1.34-35). Jesus, como segunda pessoa da Trindade, sempre existiu; mas como homem, Ele passou a existir a partir do momento que foi gerado pelo Espírito Santo.

João Batista veio como precursor de Jesus, para preparar-lhe o caminho. Ele foi preparado para isso, sendo cheio do Espírito Santo desde o ventre materno (Lc 1. 15).

Toda a vida terrena de Jesus foi vivida sob a ação do Espírito Santo. Quando Ele foi batizado por João Batista, o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma física de uma pomba (Mt 3.13-17). “A seguir Jesus foi levado pelo Espírito, ao deserto, para ser tentado pelo diabo” (Mt 4.1). E, com a assistência do Espírito Santo, Ele venceu o Tentador. Quando expulsava demônios, Jesus o fazia pelo poder do Espírito (Mt 12.28). Seus milagres eram feitos pela unção do Espírito (Lc 4.18, At 10.38). Jesus se ofereceu como sacrifício por nós, sob a assistência do Espírito Santo (Hb 9.14). E por fim, o Pai, por intermédio do Espírito Santo “ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos” (Rm 8.11).

IV. A DESCIDA DO ESPÍRITO SANTO NO PENTECOSTES

No dia de Pentecostes o Espírito Santo veio para ficar para sempre com os servos de Jesus conforme Ele havia prometido (Jo 14.16). O livro de Atos dos Apóstolos registra que “ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; de repente veio do céu um som como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa... e apareceram distribuídas entre eles, línguas como de fogo, e pousou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo, e passaram a falar em outras línguas segundo o Espírito lhe concedia que falassem” (At 2.1-4).

Como era um dia especial para os judeus, Jerusalém estava cheia de pessoas de diferentes paises. Alguns eram judeus nascidos fora da Palestina, outros eram prosélitos do judaísmo. Uma enorme multidão dirigiu-se para o local onde os apóstolos estavam, o mais extraordinário é que os apóstolos receberam o dom de falar línguas que não conheciam, e assim cada pessoa ouvia a pregação do Evangelho em sua própria língua materna. “Estavam, pois, atônitos, e se admiravam dizendo: Vede! Não são porventura galileus todos esses que aí estão falando? E como os ouvimos falar, isso cada um em nossa própria língua materna... as grandezas de Deus?” (At 2.7-12).

As “línguas como que de fogo” que pousaram sobre cada um deles foi o meio que Deus usou para dissipar a desconfiança que podia existir no grupo. Judas Iscariotes tinha traído o mestre; Pedro o negara; e Tomé, a princípio descreu de sua ressurreição. Por isso, podia haver um clima de desconfiança dentro do grupo. Sem um sinal visível de que cada um recebera o Espírito Santo, um poderia questionar se o outro também o tinha recebido. Com aquela manifestação visível ficou claro que todos receberam o Espírito. E as línguas que passaram a falar eram símbolos da universalização do Evangelho. Em Babel Deus havia confundido a linguagem do povo. Por causa da rebeldia contra o Criador, cada um passou a falar uma língua que o outro não entendia; e assim foram dispersos pela terra (Gn 11.1-9). Mas agora estava sendo inaugurada uma nova era de salvação, e todos podiam ouvir as grandezas de Deus em sua própria língua.

O ministério do Espírito Santo foi ampliado por ocasião do Pentecostes, sem ser de forma alguma diminuído em termos do que era anteriormente. Antes do Pentecoste, como vimos, o Espírito Santo sustentava a criação e a vida natural, renovava corações, dava entendimento espiritual e dons para serviço tanto de liderança quanto de outra sorte, e ele ainda faz tudo isso.

A diferença desde o Pentecoste é que todo o seu ministério para com os salvos relaciona-se não ao Cristo que haveria de vir, como acontecia no AT, nem se relaciona mais com o Cristo presente na Terra, mas relaciona-se agora com o Cristo que veio, morreu e ressuscitou e agora reina em glória.

Nomes do Espírito Santo

Aprendemos que o Espírito Santo é uma pessoa e não uma influência, energia ou força, pois possui personalidade. Ele é divino, e lhe são atribuídas as mesmas qualidade inerentes ao Pai e ao Filho, e de acordo com as diversas funções que desempenha. As Sagradas Escrituras registram vários nomes pelos quais o Espírito Santo é conhecido ou representado:

· O Espírito de Deus. Significa que ele é executivo da divindade. Em Lc 11.20, Jesus afirma que expulsara os demônios pelo “dedo de Deus”.

· O Espírito de Cristo. Indica que o Espírito Santo é enviado por Cristo, para o glorificar e habitar no salvo (Rm 8.9).

· O Consolador. Perto de se findar o seu ministério terreno, Jesus sabia que brevemente teria que deixar seus discípulos, contudo Ele não os deixaria só, pois Jesus enviaria “outro Consolador” a fim de ficar para sempre com seus discípulos (Jo 14.16-18, 26).

· O Espírito da Verdade. O espírito do engano e do erro operam no mundo, por isso, o Senhor enviou o Espírito da Verdade para preservar seus servos das ciladas do Enganador (Jo 14.17).

· O Espírito da Graça. A graça é concedida aos crentes a fim de viverem em santidade e vencerem suas fraquezas (II Co 12.9).

· O Espírito de Vida. O poder do pecado e da morte não tem efeito sobre aqueles que recebem o Espírito de Vida (Rm 8.11).

Símbolos do Espírito Santo

O Espírito Santo também é representado através de alguns símbolos, esses símbolos indicam sua atuação em prol dos servos de Deus, consideremos os principais:

· Fogo. Este símbolo fala da ação purificadora do Espírito Santo na vida do cristão. Ao mesmo tempo que incinera a força do pecado dentro de nós, assinala a presença de Deus na vida do crente ao ilumina-lo e aquecê-lo.

· Vento. No encontro com Nicodemos (Jo 3.8), Jesus referiu-se à ação do vento para ilustrar a operação do Espírito Santo. É ele quem convence a pessoa da necessidade de arrepender-se de seus pecados e receber, pela fé, a salvação conquistada na Cruz, assim o vento simboliza a obra regeneradora do Espírito Santo.

· Tal como o vento, cuja presença é sentida, sem a necessidade do toque, assim é o Espírito de Deus. Percebemos a sua real operação na vida do crente e na Igreja, embora não consigamos vê-lo tal como é. Seus atos independem da vontade humana, pois ele é Deus, é soberano.

· Água. Jesus afirmou a Nicodemos que “aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus” (Jo 3.5). Nesse versículo, a água simboliza a Palavra de Deus, que concede vida aos que estão mortos em seus pecados. Todavia, em Jo 7.37, o Senhor Jesus identifica-se como a verdadeira fonte da água viva, isto é, da salvação consumada por Ele e conferida aos que o aceitam, por intermédio do Espírito. Jesus afirmou: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva”. E as Escrituras ainda nos explicam: “Isto ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito até aquele momento não fora dado, porque Jesus não havia sido ainda glorificado” (Jo 7.37-39).

· Selo. Qualquer objeto que esteja selado, este selo o identifica como sendo propriedade de alguém. O selo é a garantia de que o objeto não será confundido, nem violado, pois o selo é uma marca pessoal de seu proprietário. Dessa mesma forma, o cristão é uma propriedade do Senhor. O selo do Espírito Santo, no ato da conversão, confere a garantia da vida eterna ao novo membro da família de Deus. O Espírito Santo é o penhor da nossa salvação (Ef 1.13-14). Sendo assim, a Bíblia ensina que todo crente é selado como o Espírito Santo.

· Azeite. Este é, sem dúvida, o mais conhecido dos símbolos atribuídos à Terceira Pessoa da Trindade. No AT, o azeite era usado era usado na alimentação (1Rs 17.12) e para pôr em ferimentos (Lc 10.34), para passar no corpo como cosmético (Sl 104.15), para iluminação (Mt 25.4), para a unção de doentes (Tg 5.14) e de hóspedes (Lc 7.46). Pela unção pessoas eram consagradas, separadas para serviço especial, como os reis, sacerdotes e profetas (ISm 10.1; IRs 19.15-16; Êx 28.41). Ser ungido com azeite significava estar revestido da autoridade de Deus.

· Pomba. Esta ave simboliza brandura, inocência, doçura, pureza, amabilidade e paz. Por ocasião do batismo de Jesus, no rio Jordão, João Batista viu o Espírito Santo descer do céu, em forma corpórea de uma pomba e pousar sobre Jesus para indicar que Ele era o messias. Porém isso não significa que o Espírito Santo tenha essa aparência, pois é espírito e como tal não possui corpo que se possa definir.

A Obra do Espírito Santo

1º. No pecador, o Espírito Santo regenera a natureza pecaminosa do homem, o convence de seus pecados, leva-o ao arrependimento, à confissão e ao abandono dos mesmos, através da fé em Jesus. Deste modo, regenerado pelo Espírito Santo, o pecador experimenta o novo nascimento, e torna-se uma nova criatura (II Co 5.17).

2º. No crente, a obra do Espírito Santo é consolar (Jo 14.16-17); conduzir, guiar em toda a verdade (Jo 16.13); ensinar todas as coisas e lembrar o que o Senhor já ensinou (Jo 14.26); conceder poder para testemunhar de Cristo (At 1.8); interceder (Rm 8.26); santificar, essa talvez seja a principal tarefa do Espírito nos crentes, pois é através da santificação que nos aproximamos cada vez mais de Deus (Hb 12.14). A santificação é um processo, é uma operação dinâmica e progressiva que começa na conversão e aperfeiçoa-se gradativamente durante toda a vida (II Co 7.1).

3º. A sobrevivência da Igreja só é possível graças a ação do Espírito Santo. É ele quem separa pessoas para exercerem ministérios de liderança, como pastores, evangelistas e missionários, capacitando-os, instruindo-os e direcionando-os. É o Espírito Santo quem deve administrar e direcionar a Igreja. Sem a unção do Espírito, nenhum pregador, por mais eloqüente que seja, logrará êxito em sua pregação, pois sua mensagem será vazia, insípida e sem poder. Só há salvação de almas, quando o Espírito unge a mensagem e o pregador, como aconteceu com Pedro (At 2.14 - 41) após o Pentecoste.

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