sábado, 18 de julho de 2009

LIÇÃO 2: CONHECENDO DEUS

I. Introdução:

A Bíblia afirma: “Ninguém jamais viu a Deus” (Jo 1.18). Se ninguém jamais viu Deus, como, então, poderemos conhecê-lo? Devemos saber, inicialmente, que a visão não é o único instrumento de que dispomos para conhecer alguém ou algo. Ninguém jamais viu a dor, o vento, a saudade, a fome, nem o amor, entretanto, não há dúvidas da existência dessas coisas. Não é possível vê-las com os olhos, mas há outros meios através dos quais podemos tomar conhecimento da dor, da saudade e do medo.

No caso do Criador, se o próprio Deus não tivesse tomado a iniciativa de se revelar, ninguém jamais o conheceria. Mas, felizmente, Ele se revelou através de toda a sua criação, nas forças da natureza, na constituição da mente humana, na consciência, no governo providencial do mundo em geral e das vidas dos indivíduos em particular. “Deus também falou de muitas maneiras” (Hb 1.1). E hoje Ele nos fala através da Bíblia. Mas, quem é Deus?

Não é possível definir Deus. A mente humana, embora prodigiosa, não dispõe de recursos suficientes para captar toda a grandeza do Criador. O máximo que podemos fazer é a descrição analítica de Deus a partir do que Ele no revela em sua Palavra.

Deus não é uma idéia abstrata ou uma força impessoal que atua no universo, como afirmam algumas pessoas. Deus é uma pessoa, Ele tem sentimentos e nos ama. Ele nos dá alegria e vitória, o Senhor nos sustenta em nossas provações e dificuldades. Nós podemos compartilhar com Ele todas as nossas experiências. Podemos falar com Ele e estarmos certos de que Ele nos ouve e nos atende. Ele cuida de nós e quer o nosso bem. Mas Deus é uma pessoa muito diferente de nós. Ele é espírito (Jo 4.24). Ele não tem um corpo físico como o nosso (Lc 24.39). Por isso não podemos vê-lo, assim como não podemos ver o nosso próprio espírito ou o espírito das pessoas ao nosso redor.

II. Os Nomes de Deus:

Hoje os nomes das pessoas têm pouca importância. Se alguém tem o nome de José, Antonio ou Joaquim, não faz muita diferença. Mas, na época em que a Bíblia foi escrita era diferente. Os nomes atribuídos a Deus na Bíblia, são instrumentos ou meios que o Criador usa para se revelar a nós quem Ele é. Eles devem ser estudados e compreendidos à luz dos costumes da época em que foram escritos.

O nome era uma descrição da pessoa, por isso, quando uma pessoa passava por alguma mudança significativa em sua vida ou em seu caráter, podia também ter seu nome mudado. Veja, por exemplo, o caso de Jacó. Ele era um enganador astucioso e é exatamente isso que o seu nome significava (Gn 27.36). Mas Jacó passou por uma grande transformação, deixou de ser um enganador e seu nome foi mudado para Israel (Gn 32.28; 35.10). No NT temos o caso de Pedro, ele se chamava Simão, mas Jesus lhe deu o nome de Pedro (Cefas, em aramaico), antecipando que ele passaria por uma grande mudança e ocuparia um lugar de destaque entre os apóstolos.

Assim também os nomes ou títulos atribuídos a Deus apresentados nas Sagradas Escrituras são instrumentos divinos para nos revelar qualidades, atributos e modos de agir do nosso Criador. Veremos, agora, alguns desses nomes, as circunstancias em que eles aparecem e o que eles nos revelam sobre Deus.

a) Eloah – DEUS. No primeiro versículo da Bíblia diz que “No princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). O nome DEUS (Eloah)) descreve o Criador como um ser forte e poderoso, que deve ser temido e cultuado.

b) Elohim – Deus. É o plural de Eloah, e revela a existência de mais de uma pessoa na divindade, e não mais de um Deus. Expressa a plena unidade de Deus na trindade, num dialogo onde decidiam fazer o homem: “Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança...” (Gn 1.26).

c) Elyon - Deus Altíssimo. Este nome descreve Deus como um ser supremo (Gn 14.18-20).

d) El-Shadai - Deus Todo-Poderoso. Este nome descreve Deus como um ser poderoso, que tem poder nos céus e na terra, o sustentador, nutridor de todas as coisas (Gn 17.1).

e) Yahweh – EU SOU O QUE SOU (Ex 3.14). É o nome pessoal do Deus de Israel, que em nossas Bíblias aparece como Jeová, Javé, ou SENHOR (com todas as letras em maiúsculo) significa o Deus que tem existência própria, que existe por si mesmo, que sempre existiu e sempre existirá, que não fica velho, não muda, é eternamente o mesmo, o imutável, é a causa de todas as coisas, aquele que é, que era e que há de vir.

f) Adonai – Senhor ou Deus é o Senhor. O nome Senhor (escrito com letra inicial maiúscula e as demais em minúscula) descreve Deus como o dono e o governador de todos os homens (Gn 15.8).

g) Jeová – Significa “Ele é”. Nome eterno (Ex 3.15), este nome é traduzido em nossas Bíblias como “Senhor”. Segundo os rabinos “Jeová” significa “O Senhor Redentor”.

h) Jeová Tsebhaoth (Sabahote) – Senhor dos Exércitos (I Sm 17.45).

i) Jeová Jireh – O Senhor proverá (Gn 22.14).

j) Jeová Nissi – O Senhor é a nossa bandeira (Ex 17.15).

k) Jeová Ropeca – O Senhor que te sara (Ex 15.26).

l) Jeová Shalom – O Senhor é paz (Jz 6.24).

m) Jeová Tisidkenu – O Senhor justiça nossa (Jr 23.6).

n) Jeová Shamah – O Senhor está ali (Ez 48.35).

Sendo assim, esses são alguns dos nomes ou títulos do Criador, registrados na Bíblia. Eles são meios usados por Deus para nos revelar quem Ele é. Através desses nomes sabemos que Deus é um ser supremo, forte e poderoso, tem poder nos céus e na Terra, é dono e governador de todos os homens. Mas, Ele também é o Deus de graça, sustentador, nutridor, capaz de satisfazer todas as nossas necessidades. Ele sempre existiu e sempre existirá. Ele não fica velho, não muda, não sofre variações, é eternamente o mesmo.

III. Os Atributos de Deus:

Os atributos de Deus são propriedades ou qualidades de Deus mencionadas na Bíblia ou deduzidas de seus atos. Os atributos que só Deus possui, como por exemplo, a imutabilidade, são chamados de atributos incomunicáveis, são assim denominados para caracterizar que eles não foram concedidos aos homens. Aquelas características que os homens também possuem, como o amor, são chamadas de atributos comunicáveis. A diferença é que as qualidades humanas são imperfeitas e os atributos de Deus são perfeitos.

Os Atributos Incomunicáveis:

A Auto-existência de Deus

"Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus".

(Sl 90.2)

As crianças, às vezes, perguntam: "Quem fez Deus?" A resposta mais clara é que Deus nunca precisou ser feito porque sempre existiu. Ele existe de um modo diferente do nosso: nos existimos de uma forma derivada, finita e frágil, mas nosso Criador existe como eterno e auto-sustentado. Não há possibilidade de Deus cessar de existir.

A auto-existência de Deus é uma verdade básica. Na apresentação que faz do "Deus Desconhecido" aos atenienses, Paulo explica que o Criador do mundo não é servido por mãos humanas, como se de alguma coisa precisasse; pois Ele mesmo é quem a todos dá a vida, respiração e tudo mais (At 17.23- 25). O Criador tem vida em si mesmo e de nada necessita. A independente auto-existência de Deus é uma verdade claramente afirmada na Bíblia (Sl 90. 1- 4; 102.25-27; Is 40.28-31; Jo 5.26; Ap 4.10). Saber que a existência de Deus é independente de qualquer coisa protege a nossa compreensão a respeito da grandeza d’Ele e, portanto, tem claro valor pratico para a nossa saúde espiritual.

Onipresença

Ocultar-se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu não o veja? - diz o SENHOR; Porventura, não encho eu os céus e a terra? - diz o SENHOR” (Jr 23.24).

Deus está presente em todos os lugares. Contudo, não devemos pensar sobre Ele como se ocupasse todos os espaços, porque Deus não tem dimensões físicas. Deus é espírito, e como espírito está em todo lugar. Ainda que isso exceda a nossa compreensão, o próprio Deus está presente em toda parte, em sua majestade e poder. Almas necessitadas que oram a Ele de toda parte no mundo estão a sua vista e recebem sua atenção pessoal. A crença na onipresença de Deus é ensinada em Sl 139.7; Jr 23.23-24; At 17.27-28. Quando Paulo fala do Cristo que subiu ao céu como enchendo todas as coisas (Ef 4.8-10), a disponibilidade de Cristo em toda parte, na plenitude do seu poder, certamente faz parte do significado. Pai, Filho e Espírito Santo são onipresentes.

Onipotência

"Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado" (Jô 42.2).

Ele é o Todo-Poderoso. Deus tem poder para fazer tudo aquilo que, em sua perfeita sabedoria e vontade, Ele deseja fazer. Onipotência não significa que Deus possa fazer literalmente tudo: Deus não pode pecar, não pode mentir, não pode mudar sua natureza ou negar as exigências de seu caráter santo (Nm 23.19; 1Sm 15.29; 2Tm 2.13; Hb 6.18; Tg 1.13,17). Deus não pode cessar de ser Deus.

Teria sido um exagero de Davi dizer: “Eu te amo, o SENHOR, forca minha. O SENHOR é minha rocha, a minha cidadela, o meu libertador; o meu Deus, o meu rochedo em que me refugio; o meu escudo, a forca da minha salvação, o meu baluarte” (Sl 18.1-2)? Teria sido exagero de outro salmista declarar: “Deus é nosso refugio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações” (Sl 46.1)? Teria sido um engano dizer essas coisas se Deus fosse menos que onipotente e onipresente. Porém o reconhecimento da grandeza de Deus, incluindo sua onipresença e onipotência, produz em nós grande fé e elevado louvor.

Onisciência

"Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias,

cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda" (Sl 139. 16)

A palavra onisciência deriva-se de duas palavras latinas, “Ommes”, que significa tudo, e “Scientia”, que significa conhecimento. O termo denota a infinita inteligência de Deus, seu conhecimento de todas as coisas.

As Escrituras ensinam que Deus é onisciente; sua compreensão é infinita; sua inteligência é perfeita. A onisciência de Deus inclui tudo que há, seu conhecimento é universal, incluindo tudo quanto pode ser conhecido (I Jo 3.20). Deus sabe tudo que ocorre em todos os lugares; tanto o bem como o mal (Pv 15.3). Deus conhece o plano total dos séculos, bem como a parte que nele ocupa cada homem (Ef 1.9-12). Deus conhece desde toda eternidade àquilo que será durante toda a eternidade (At 15.18).

Não há uma cidade, vila, ou casa sobre a qual não estejam fixos os olhos de Deus. Não existe uma só emoção ou impulso sobre os quais Ele não tenha conhecimento. Ele conhece toda ocorrência ou aventura que envolva alegria ou tristeza, dor ou prazer, adversidade ou prosperidade, sucesso ou fracasso, vitória ou derrota. Deus conhece tudo na experiência humana, os efeitos e as ações do homem; as palavras do homem, pensamentos e imaginações do homem (Sl 139. 1-4; I Cr 28.9; Ex 3.7).

A Soberania Divina

Todos os moradores da terra são por ele reputados em nada; e, segundo a sua vontade, ele opera com o exercito do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?” (Daniel 4:35)

A afirmação de que Deus é absolutamente soberano na criação, na providencia e na salvação é bíblica. A visão de Deus reinando de seu trono é repetida muitas vezes (1Rs 22.19; Is 6.1; Ez 1.26; Dn 7.9; Ap 4.2; Sl 11.4; 45.6; 47.8-9; Hb 12.2; Ap 3.21). Somos constantemente lembrados, em termos claros, que o Senhor reina como rei, exercendo domínio sobre grandes e pequenos, igualmente (Ex 15.18; Sl 47; 93; 96.10; 97; 99.1-5; 146.10; Pv 16.33; 21.1; Is 23.23; 52.7; dn 4.34-35; 5.21-28; 6.26; Mt 10.29-31). O domínio de Deus é total: Ele determina, escolhe e realiza tudo o que determina, e nada pode deter seu propósito ou frustrar os seus planos. Ele exerce o seu governo no curso normal da vida, bem como nas mais extraordinárias intervenções ou milagres.

As criaturas racionais de Deus gozam de livre ação, isto é, tem o poder de tomar decisões pessoais quanto àquilo que desejam fazer. Não seriamos seres morais, responsáveis perante Deus, o Juiz, se não fosse assim. Nem seria possível distinguir entre os maus propósitos dos agentes humanos e os bons propósitos de Deus (Gn 50.20; At 2.23; 13.26-39). O Sl 93 nos ensina que o governo soberano de Deus garante a estabilidade do mundo contra todas as forcas do caos (vs. 1-4); confirma a fidedignidade de todas as declarações e ensinos de Deus (v. 5) e exige a adoração do seu povo (v. 5). O salmo inteiro expressa alegria, esperança e confiança no Todo-Poderoso.

Os Atributos Comunicáveis:

Se os atributos discutidos anteriormente salientam o absoluto Ser de Deus, os que restam considerar acentuam a Sua natureza pessoal. É nos atributos comunicáveis que Deus se posiciona como Ser moral, consciente, inteligente livre.

Santidade

Eu sou o SENHOR, vosso Deus; portanto, vós vos consagrareis e sereis santos, porque eu sou santo...” (Lv 11.44)

Quando a Escritura chama “santo” a Deus, ou a pessoas individuais da Divindade - Pai, Filho e Espírito Santo (Lv 11.44,45; Js 24.19; 1 Sm 2.2; Sl 99.9; Is 1.4; 6.3; 41.14,16,20; 57.15; Ez 39.7; Am 4.2; Jo 17.11; At 5.3,4,32; Ap15.4), a palavra significa tudo a respeito de Deus que o coloca separado de nós e faz d’Ele objeto de nossa reverencia, adoração e temor.

Essa palavra cobre todos os aspectos de sua grandeza transcendente e perfeição moral. É um atributo importantíssimo, pois, salienta a divindade de Deus em cada ponto. Cada faceta da natureza de Deus e cada aspecto de seu caráter pode apropriadamente ser chamado santo, precisamente porque Ele o é. A essência do conceito, porém, é a pureza de Deus, que não pode tolerar qualquer forma de pecado (Hc 1.13) e, por isso, impõe aos pecadores a constante auto-contrição em sua presença (Is 6.5).

A justiça, que significa fazer, em todas as circunstancias, coisas que são corretas, é uma expressão da santidade de Deus. Deus manifesta sua justiça como legislador e juiz, e também como guardador da promessa e perdoador do pecado. Ele julga justamente (Gn 18.25; Sl 7.11; 96.13; At 17.31). Sua “ira”, isto é, sua ativa hostilidade ao pecado, é totalmente justa em suas manifestações (Rm 2.5-16), e seus “julgamentos” são gloriosos e dignos de louvor (Ap 16.5,7; 19.1-4).

A Bondade de Deus.

O Senhor é bom para todos, e as suas ternas misericórdias permeiam todas as suas obras... Em ti esperam os olhos de todos, e tu, a seu tempo, lhes dás o alimento. Abres a tua mão e satisfazes de benevolência a todo vivente” (Sl 145.9, 15, 16)

Não se deve confundir a bondade de Deus com Sua benevolência. Falamos que uma coisa é boa quando ela corresponde em todas as suas partes ao ideal. Daí, em nossa atribuição de bondade de Deus, a idéia fundamental é que Ele é, em todos os aspectos e por todos os modos, tudo aquilo que deve ser como Deus, e, portanto, corresponde perfeitamente ao ideal expresso pela palavra “Deus”. Ele é a perfeição absoluta e felicidade perfeita em Si mesmo. É neste sentido que Jesus disse ao homem de posição: “Ninguém é bom senão um só, que é Deus”, (Mc 10.18; Lc 18.18, 19). Mas, desde que Deus é bom em Si mesmo, é também bom para as Suas criaturas. Ele é a fonte de todo bem, e assim é apresentado de várias maneiras na Bíblia toda. O poeta canta: “Pois em ti está o manancial da vida; na tua luz vemos a luz” (Sl 36.9).

O Amor de Deus

“Acaso, pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ti. Eis que nas palmas das minhas mãos te gravei; os teus muros estão continuamente perante mim”. (Is 49.15-16)

Quando a bondade de Deus é exercida para com as Suas criaturas racionais, assume o caráter mais elevado de amor, e ainda se pode distinguir este amor de acordo com os objetos aos quais se limita. Em distinção da bondade de Deus em geral, o Seu amor pode ser definido como a perfeição de Deus pela qual Ele é movido. Desde que Deus é absolutamente bom em Si mesmo, Seu amor não pode achar completa satisfação em nenhum objeto falto de perfeição absoluta, mesmo assim Ele não retira completamente o Seu amor do pecador em seu estado pecaminoso, apesar de que o pecado deste é uma abominação para Ele (Jo 3.16; Mt 5.44, 45). Ao mesmo tempo, Ele ama os crentes com amor especial, dado que os vê como Seus filhos espirituais em Cristo. É a estes que Ele se comunica no sentido mais rico e mais completo, com toda a plenitude da Sua graça e misericórdia (Jo 16.27; Rm 5.8; 1 Jo 3.1). A maior demonstração de amor de Deus foi a de conceder o seu próprio Filho para morrer em nosso lugar, sendo nós, ainda pecadores e incrédulos, através do sacrifício na cruz (Jo 3.16).

A misericórdia de Deus

Eu farei passar toda a minha bondade por diante de ti, e apregoarei o nome do Senhor diante de ti; e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia, e me compadecerei de quem me compadecer” (Ex 33.19)

Outro importante aspecto da bondade e amor de Deus é a Sua misericórdia ou terna compaixão. Se a graça de Deus vê o homem como culpado e, portanto, necessitado de perdão, a misericórdia de Deus o vê como um ser que está suportando as conseqüências do pecado, que se acha em lastimável condição, e que, portanto, necessita do socorro divino. Pode-se definir a misericórdia divina como a bondade ou amor de Deus demonstrado para com os que se acham na miséria ou na desgraça, independentemente dos seus méritos. Em Sua misericórdia Deus se revela um Deus compassivo, que tem pena dos que se acham na miséria e está sempre pronto a aliviar a sua desgraça. Esta misericórdia é generosa (Dt 5.10; Sl 57.10; 86.5) e os poetas de Israel se dedicam em entoar canções descrevendo-a como duradoura e eterna (1 Cr 16.34; 2 Cr 7.6; Sl 136; Ed 3.11). No Novo Testamento é muitas vezes mencionada ao lado da graça de Deus, especialmente nas saudações (1 Tm 1.2; 2 Tm 1.1; Tt 1.4). As ternas misericórdias de Deus estão sobre todas as Suas obras (Sl 145.9) e até os que não o temem compartilham delas (Ez 18.23, 32; 33.11; Lc 6.35, 36). Não se pode apresentar a misericórdia de Deus como oposta à Sua justiça. Ela é exercida somente em harmonia com a mais estrita justiça de Deus, em vista dos méritos de Jesus Cristo. Outros termos empregados para expressar a misericórdia de Deus são “piedade”, “compaixão”, “benignidade”.

A longanimidade de Deus.

“Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade. Suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se algum tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós, também.

E, sobre tudo isto, revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição” (Cl 3. 12-14)

A longanimidade de Deus é outro aspecto da Sua grande bondade ou amor, em virtude do qual Ele tolera os rebeldes e maus, a despeito da sua prolongada desobediência. No exercício deste atributo o pecador é visto como permanecendo em pecado, não obstante as admoestações e advertências que lhe vêm. Revela-se no adiamento do merecido julgamento. A Escritura fala da longanimidade de Deus em Êx 34.6; Sl 86.15; Rm 2.4; 1 Pe 3.20; 2 Pe 3.15. Um termo sinônimo, com uma conotação ligeiramente diversa, é a palavra “paciência”.

III. CONCLUSÃO:

Realmente o homem não tem condições de desvendar os mistérios de Deus. E, quando tentamos entender racionalmente muitos atos de Deus registrados na Bíblia, percebemos que eles estão além da nossa compreensão.

A ponte que liga o Rio de Janeiro a Niterói tem pilares gigantes e vãos até 300 metros. Gigantescas vigas ligam estes pilares. Mas, quem está mergulhando na água, debaixo da ponte, não vê que pilares tão distantes estão ligados uns aos outros através dessas vigas. Assim também é nossa situação. Estamos mergulhados nas limitações de nossa natureza humana, por isso não podemos compreender Deus totalmente, nem seus atos. Contudo, aquilo que é necessário para a nossa salvação e para a nossa vida de relacionamento com Deus, Ele, em sua eterna sabedoria, nos revelou e está registrado na Bíblia com tanta clareza que qualquer pessoa, culta ou não, estudada ou não, pode compreender.

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